A lição mais importante que o Yoga me ensinou (e está ensinando)

Descobri o Yoga há quase duas décadas. No início, achei que se tratava somente de uma atividade física. Mas levou pouco mais que algumas aulas e uma excelente professora para eu descobrir que aquilo, na verdade, era a menor parte do todo.

impermanence2E durante todos esses anos, o Yoga me ensinou muita coisa. Me ensinou, por exemplo, a como me cobrar menos, a ser mais flexível comigo mesma. Igualmente me ensinou também a como focar, perseverar, sem no entanto, me machucar ou agredir.

Mas de todas as lições que o Yoga me trouxe, certamente a aceitação da impermanência foi a maior delas. Uma boa parte da minha natureza é kapha e, consequentemente, não sou muita afeita a mudanças. Gosto de rotina: saber onde irei acordar, com quem irei acordar, o que irei fazer e saber que no dia seguinte tudo será exatamente como o dia de hoje. E em decorrência disso eu lidava mal com as mudanças. Mudar dói. Sair da zona de conforto, dói. Por pior que seja a zona de conforto, a gente já a conhece, já somos íntimas. E ficamos agarrados nessa zona de conforto como se fosse uma tábua de salvação.

Mas o Yoga foi me ensinando isso: que a vida muda. O tempo todo, muda. Nada é mais do jeito que já foi. E me ensinou a ter aceitação. Aceitar que a vida é uma eterna roda de samsara, como uma roda-gigante de parque de diversões que não para de girar nunca. Hora estamos em cima, hora embaixo, hora na transição entre um e outro… E a partir do momento que aprendi que a vida não pára de mudar e aprendi também a aceitar isso, fiquei mais tranquila. Mais serena. Mais em paz.

Muitas vezes a impermanência da vida nos traz coisas boas: um emprego melhor, um relacionamento melhor, uma casa melhor. Mas outras vezes ela nos traz coisas tristes, como a morte de um familiar, por exemplo. E nesses casos, a aceitação pode ser um pouco mais penosa. Então, para que essa dor da impermanência “ruim” seja amenizada, eu estou aprendendo a viver o hoje como se não houvesse amanhã. Não digo sem responsabilidades ou de forma insana. Mas estou aprendendo a viver as relações, os momentos. Estou aprendendo a expressar meus sentimentos, para não ficar aquela lacuna quando a pessoa se vai e você não disse nem metade do que gostaria. Estou aprendendo a viver as alegrias com aquelas risadas de doer a barriga. A chorar quando sentir vontade. A estender a mão quando alguém me sinaliza. A pedir a mão quando preciso. A tentar ter sempre um olhar de compaixão mesmo diante da pessoa mais mesquinha da face da terra. Enfim, o aprendizado é grande.

Ainda me resta um longo caminho. Não sou santa (e nem quero ser). Erro pra caramba. Tenho defeitos pra caramba. Mas acho que pelo menos nessa lição da impermanência eu estou tirando notas boas. Quem conhece minha vida de perto pelos últimos anos sabe disso. As outras lições eu vou me esforçando e aprendendo aos poucos.

E a gente vai tocando o barquinho!

Namastê!

Regras de convivência dentro da prática de Yoga

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Se você não é um eremita morando numa caverna, você precisa seguir regras de convivência. Ok, você pode até não segui-las, mas será visto como um mal educado grosseirão. Em todo lugar que tenham pessoas dividindo o mesmo espaço é bom agir de maneira a não invadir o espaço do outro, não atrapalhar, não ser a “persona não grata”.

Por isso, dentro da sala de prática de Yoga também existem regras de convivência. Até aí, ok, nenhuma novidade. Mas para quem é novato no Yoga, ou para quem é sem noção mesmo, pode ser que estas regras não estejam assim tão claras. Por isso deixo essa listinha bem básica aqui. E se você lembrar de algo que ficou de fora da lista, coloque aí embaixo!

1. Chegar atrasado

Evite chegar atrasado. Tente chegar sempre alguns minutos antes de sua prática e, se a sala estiver livre, estenda seu tapete, sente-se e aproveite aqueles minutinhos para já ir se desconectando do mundo lá fora. Porém, quem vive em cidades grandes está à mercê do trânsito e por vezes atrasos são inevitáveis. Nesse caso, não entre na sala antes de se certificar que seu professor já entoou o mantra de abertura (que pode ser o OM ou qualquer outro que ele use). É muito desagradável quando estamos concentrados, bem no início da prática, e o coleguinha entra esbaforido sala adentro.

2. Sapatinhos do lado de fora

Já falei sobre isso aqui. Caso seu estúdio não peça para você tirar os sapatos mesmo na entrada, lembre-se de retirá-los antes de entrar em sala. Dentro da sala, somente pés e meias são bem-vindos!

3. Entrar em sala “causando”

Pode até ser que você tenha chegado no horário mas, mesmo assim, entre em sala discretamente, sem cumprimentar os colegas aos berros, sem estender seu mat como se estivesse tirando a areia de uma canga de praia. Lembre-se que outros colegas de turma podem estar já tentando meditar, tentando trazer a atenção pro interior. Atrasado ou não, seja discreto, caminhe leve, estenda seu tapetinho desenrolando-o no chão de forma suave. E, quanto menos falar, melhor.

4. Pisar no tapetinho dos outros

No afã de encontrar um bom lugar em sala, tem quem fique andando pra lá e pra cá e com isso acabe pisando displicentemente no mat alheio. Eu fico muito aborrecida quando isso acontece. Nosso tapete é nosso templo e você só deveria pisar no templo dos outros se convidado.

5. Geme-geme

Ok, todos sabemos que existem posturas que são uó. Cansam até a raiz do cabelo. Sabemos também que existem práticas mais vigorosas, que nos exigem bastante. Mas nada de ficar gemendo sem fim, como se estivesse estrelando um filme pornô! Gema dentro do razoável, suspire quando seu professor instruir, mas não fique causando em sala! Em vez do geme-geme, mantenha a respiração ujjayi. Ela vai te ajudar mais nesses momentos do que qualquer gemido.

6. Ficar prestando atenção na prática alheia

Existem pessoas que se deslumbram com os asanas alheios. Ficam boquiabertos que fulano consiga fazer tal postura e simplesmente deixam de prestar atenção em sua própria prática para ficar ali, “secando” o outro. Ninguém está na prática para chamar a atenção – ou pelo menos não deveria estar – então é chato quando os olhos ficam fitando alguém. Cada um concentrado em sua própria prática e respiração, por favor.

7. Banho vencido

Isso nem deveria estar aqui, pois é óbvio que todo mundo deve ir praticar limpinho. Não é óbvio não… Tem muita gente adepta do racionamento de água no talo, e para isso evitam até banho! Brincadeiras à parte, em uma das formações que fiz havia um ser que não tomava banho. Ele simplesmente não tomava banho! Nem usava desodorante e nem trocava com frequência as roupas de prática. Imagine você, em uma sala fechada, com cerca de 40 pessoas, respirando aquele ar? Resumo da ópera, todo mundo começou a entrar em sala cada dia mais cedo porque ninguém queria correr o risco de ficar ao lado dele. Chato não? Então mantenha o asseio, verifique se o desodorante venceu, use roupas de prática limpas. Fica o recado aqui também para os naturebas que não curtem desodorante: você pode até não gostar de usar essas químicas, mas se assegure que a naturebice que você escolheu vai dar conta do recado.

8. Mat fedido

Isso complementa o parágrafo anterior. Você vai suar (sim, transpiramos na prática de Yoga se você caiu aqui de paraquedas!), você vai ficar de pé, vai sentar, vai deitar. Se você constantemente somente enrola seu mat ainda úmido e deixa ele enrolado até a próxima aula, muito provavelmente em pouco tempo seu tapete estará exalando o mesmo odor do meu coleguinha que nunca tomava banho. Então, se você não tem como deixar seu mat aberto secando e respirando, se assegure de lavá-lo de tempos em tempos (e que esse tempo não seja longo). Passar um paninho com álcool no mat após a prática também ajuda horrores.

9. Excesso de cheiro

Essa é o extremo oposto da dica 7. É o excesso de cheiro. Tem gente que se perfuma pra aula como se fosse para uma balada. E cheiros fortes incomodam. Tem quem seja alérgico. Tem quem não goste. Então, deixe o perfume para depois. Assim como os óleos essenciais, essências e tudo o que tenha cheiro forte.

10. Ocupar o espaço do seu mat e também um pouquinho ali, mais ali e acolá…

Tem quem goste de levar garrafa d’água, toalha, casaco, meia, eye pillow etc para a sala. Você tem todo o direito do mundo de levar consigo aquilo que vai te trazer conforto durante a prática. Mas, por favor, (esse recado vai especialmente para quem pratica em turmas cheias) mantenha seu material o mais próximo o possível do seu tapetinho (no meu caso, que não utilizo nem meu tapetinho inteiro devido ao meu tamanico, dá até para deixar as coisas sobre o próprio mat). Lembre-se que na prática, tudo o que precisamos é do espaço do nosso mat e nada mais. Então respeite o espaço alheio.

11. Falando em levar coisas… toalha, por favor!

Se você transpira muito durante a prática ou se faz uma prática intensa que o faz transpirar, leve uma toalha consigo para ir se secando. Nada mais uó do que você estar praticando e ir sendo respingado pelo suor do colega ao lado. Argh…

12. Carregar celular para dentro da sala

Já houve vezes em que precisei praticar com o celular sobre o tapetinho. Minha falecida mãe estava internada à época e eu poderia receber uma ligação de emergência a qualquer hora. Então eu avisei ao professor e deixei o celular no modo silencioso. Atente que escrevi “silencioso” e não “vibratório”. Tem gente que acha que resolve deixar o celular para vibrar. Não resolve. Nada tem de mais irritante do que durante o savasana aquele brum-brum de celular vibrando. Tocando então… nem vou falar nada. Se você leva celular pra sala e ainda deixa ele pra tocar, repense… De todo o caso, se existe guarda-volumes onde você pratica, é lá que seu celular deve ficar. Caso contrário, deixe dentro da bolsa, no modo silencioso, num cantinho da sala que não atrapalhe nada e nem ninguém. E se precisar deixar o celular com você pois precisará atendê-lo a qualquer momento, avise ao seu professor antes.

13. Reclamão em sala

Tem gente que nasceu pra reclamar. Santosha zero na veia. E tem quem reclame até dentro da sala de Yoga. Que está quente. Que está frio. Que está ventando. Que o barulho de fora atrapalha. Que bate sol. Que bate sombra. Ahhhhhhhhhhh!!! Pare de reclamar e se concentre em sua prática! Eu fazia umas aulas onde a professora gostava de deixar a sala totalmente fechada. E isso fazia a temperatura subir horrores e eu sempre me sentia mal por pressão baixa. Até que chegamos a um acordo “bom para todas as partes”. Eu e os outros alunos que não se davam bem com o calor ficávamos próximos às janelas e as deixávamos um dedinho de nada abertas só para respirar um pouco de ar fresco. Pronto, tudo se resolveu. Verifique o que de fato incomoda e tente equacionar com a turma e o professor. Mas se você reclama só por reclamar, mais Yoga, por favor.

14. Precisar sair de sala durante a prática

Já cometi essa gafe algumas vezes e por isso deixo o aprendizado. Digamos que você se sentiu mal durante a prática e precisou sair de sala. Se for voltar, ok, sem problemas. Mas se acaso você achar que não vai voltar, faça um sinal para seu professor saber disso em vez de deixar o coitado lá dentro aflito tentando adivinhar o que aconteceu com você.

15. Barata na cueca durante o savasana

Savasana se traduz como “postura do cadáver” e não é à toa. É porque durante o savasana você deve ficar parado como se um cadáver fosse. Mas tem gente que é inquieta por natureza e se mexe daqui, se revira dali, boceja, espreguiça, geme… E atrapalha que só o cão! Tente focar em seu relaxamento e se entregue a esse momento tão gostoso da prática. E, se de verdade uma barata entrou em sua cueca, saia de sala.

16. Falando em savasana…

Se você vai embora de sua prática assim que o savasana começa, é porque você foi à aula para buscar tão somente posturas físicas e não o Yoga. Savasana faz parte da prática e deve ser encarado como parte integrante do todo. Se você tem compromisso na sequência e não vai conseguir ficar até o final da prática em determinado dia, avise ao seu professor antes. Caso isso seja uma rotina, repense seus horários de aula.

17. Material espalhado pela sala

A aula acabou, você usou bloquinho, cinto, bolster, manta e o escambau. Guarde! Não deixe espalhado na sala para a próxima turma ser obrigada a catar. E quando eu falo em “guardar” não quero dizer com isso “jogar”. Porque tem quem pense que basta tacar a manta toda troncha uma por cima da outra e isso significa guardar. Ou joga os cintos todos abertos e também acha que está guardando. Não senhor. Guardar é enrolar seu cinto. Dobrar cuidadosamente sua manta. Empilhar os bolsters. E, se você usou mat da escola emprestado, álcool neles antes de os devolver (caso não haja quem os limpe).

18. Falatório pós-aula

É saudável e bem-vindo que as pessoas queiram interagir, fazer amizades e que conversem após a prática. Mas faça isso em um tom baixo, lembrando que podem ter turmas fazendo aula ainda. Não fale como se estivesse em uma feira livre escolhendo bananas. Seja discreto.

Ficam as dicas!